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| Apesar das cifras bilionárias nas exportações, nas propriedades rurais produtores grande parte dos produtores estão insatisfeitos com o preço que estão vendendo fumo. FOTO: Alexandre Carvalho - Piên em Notícias |
As exportações brasileiras de tabaco devem ultrapassar a marca de US$ 3 bilhões em 2025, segundo projeção da consultoria Deloitte, divulgadas recentemente pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco). A projeção aponta um crescimento entre 10 e 15%, tanto em volume quanto em valor.
No primeiro trimestre deste ano, o Brasil embarcou 104 mil toneladas de tabaco, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC/ComexStat). O volume representa uma leve queda de 1,78% no volume em relação ao mesmo período de 2024. No entanto, o valor comercializado teve alta de 12,85%, atingindo US$ 744 milhões. Além disso, é importante mencionar que ainda resta muito fumo para ser exportado.
Em Piên e região a grande maioria dos produtores já comercializaram suas produções, apesar disso, esse aumento no valor de comercialização do produto, infelizmente, não chegou até as propriedades rurais. Apesar do aumento na tabela de preços nesta safra 2024/25, de 10,55% para o tabaco do tipo Virgínia, e 7,01% para o Burley, muitos produtores dizem estar vendendo fumo a preço inferiores aos praticados na safra anterior (2023/24).
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Piên, Agnaldo Martins, atribui a baixa valorização do tabaco em virtude da grande oferta e a safra “cheia”. “No início os produtores diziam que ia dar quebra grande na safra, mas, não houve quebra. A gente está vendo ai até empresas recusando fumo. Isso é sinal de que a safra deu mais do que aquilo que todos nós pensávamos. No geral, até aqui em nossa região não houve aquela quebra que era esperada”, disse.
Agnaldo fez questão de relembrar que no início da safra, temia-se uma diminuição na produtividade por conta de pragas como o verme arame, que infestou diversas plantações. “A safra foi cheia, não foi uma super safra, mas, foi cheia. E ai já viu, quando tem bastante fumo as empresas já negociam diferente, dentro da classe, as vezes até rebaixando um pouco, porque tem bastante fumo”, salientou.
Por fim Agnaldo disse que em seu ponto de vista, os produtores de tabaco devem diminuir um pouco o plantio, para poderem ver uma melhora no preço. “Ou no mínimo manterem o que estão plantando. Tivemos ai além do aumento da produção da safra normal, muitos produtores cultivando fumo de inverno, aí é difícil, pois os estoques sobe e as empresas ficam com mais poder de negociar. Penso que se não houve uma redução no plantio, talvez, no ano que vem, seja a mesma situação”, acrescentou o presidente.
Relembrando os números da safra 2023/24
Em 2024, o Brasil exportou 455 mil toneladas para 113 países, gerando US$ 2,977 bilhões em receita – valor que já superava a média histórica da última década (US$ 2 bilhões). O desempenho confirma a competitividade do Brasil em um mercado global altamente regulado e exigente.
Além das divisas, a cadeia produtiva do tabaco tem impacto direto sobre a geração de emprego, renda e arrecadação fiscal. Em 2024, o setor gerou cerca de R$ 12 bilhões em receita para os produtores rurais e R$ 17 bilhões em tributos pagos ao governo brasileiro.
O tabaco segue entre os principais motores da economia em estados produtores, especialmente no Rio Grande do Sul, maior exportador nacional. Em 2024, foram gerados US$ 2,7 bilhões em vendas externas ao estado gaúcho, onde o tabaco foi o segundo produto da pauta de exportações, representando 12,55% do total, atrás apenas da soja.
O Brasil é há mais de 30 anos, o maior exportador mundial de tabaco, destinando cerca de 90% da produção ao mercado externo. É também o segundo maior produtor global, atrás apenas da China. Os principais compradores do tabaco brasileiro no primeiro trimestre de 2025 foram China, Bélgica, Indonésia, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos.
