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Ataques de cães em Piên: novos casos reacendem debate sobre responsabilidade dos tutores e aplicação da lei

 
Cães soltos pelas ruas de Piên vêm atacando pessoas 
FOTO: Arquivo Piên em Notícias - Alexandre Carvalho


Nas últimas semanas, o tema dos ataques de cães voltou a ganhar destaque em Piên, reacendendo um debate que há anos preocupa moradores: a presença de animais soltos pelas ruas, em grande parte por responsabilidade direta de tutores que não mantêm seus animais sob controle.

 

O caso em Campina dos Crespins

O episódio mais recente envolveu uma criança de apenas oito anos, moradora da comunidade de Campina dos Crespins, que acabou sendo atacada por um cão de médio porte. O caso foi relatado à reportagem do Piên em Notícias pela própria mãe do menino:

“Ontem (segunda-feira) por volta de umas 16h30 meu filho que tem 8 anos de idade, foi atacado por um cachorro preto, porte médio, um pouco pra frente da sorveteira Dilma, onde acabou o machucando e eu tendo que levá-lo ao hospital. Peço que algo seja feito pois é a segunda vez que o cachorro avançou nele, só dessa vez o mordeu, quero saber quem é o dono para que tome providência antes que aconteça algo pior com os pedestres que ali passam.”

A mãe relatou ainda, pouco mais tarde, que chegou a identificar a proprietária do animal. Segundo ela, a dona afirmou que não consegue mais conter o cão. “Ela disse que está implorando para que alguém busque o cachorro, pois não sabe mais o que fazer, diz que ele escapa e ataca as pessoas”, disse.

Casos como esse não são isolados em Piên. Há meses, leitores e seguidores do Piên em Notícias enviam relatos semelhantes, que envolvem tanto crianças quanto adultos atacados por animais soltos em diferentes bairros do município.

 

Campanhas de castração e a evasão dos tutores

A prefeitura de Piên, ciente da gravidade do problema, vem realizando campanhas periódicas de castração de cães e gatos, com o objetivo de controlar a população de animais nas ruas. Os mutirões já passaram por diversos bairros.

No entanto, a taxa de evasão nos agendamentos preocupa. Muitos proprietários inscrevem seus animais, mas não comparecem no dia da cirurgia. O Poder Público reforça que vem fazendo o possível para oferecer estrutura, mas que a responsabilidade maior recai sobre os próprios tutores.


A nova lei municipal: guarda responsável com penalidades

Diante da crescente onda de casos, a Câmara de Vereadores até tentou legislar sobre o assunto, após a vereadora Seandra Cordeiro de Oliveira apresentar um projeto de lei sugerindo algumas a regulamentação da posse responsável de cães. O texto tinha a ideia de proibir que animais circulassem soltos em vias públicas, praças ou parques, independente do porte ou da raça.

 

A lei previa penalidades aos tutores:

  • Primeira ocorrência: advertência escrita.
  • Reincidência: multa de 1 UFM (Unidade Fiscal do Município).
  • Novas reincidências ou casos com raças de risco: multa de 3 UFM.
  • Recolhimento do animal: em situações graves, o cão pode ser recolhido pela Vigilância Sanitária, sendo a devolução condicionada ao pagamento da multa e à comprovação de medidas corretivas.

Além disso, os animais devem ser conduzidos com coleira e guia, e, no caso de raças consideradas perigosas, com focinheira, conforme legislação federal e estadual. Os tutores também podem ser responsabilizados civil e administrativamente por qualquer dano ou ataque cometido.

A justificativa apresentada pela vereadora Seandra reforça que cães soltos representam risco à segurança de pedestres, ciclistas e motoristas, além de favorecer a disseminação de zoonoses. Apesar do projeto vir ao encontro dos problemas do município, o mesmo acabou sendo retirado de pauta por falta de apoio. 

 

O que diz a lei brasileira

Apesar de Piên não dispor de nenhuma lei para tal situação. A lei federal já estabelece que o tutor é legalmente responsável por atos de seus animais. Isso inclui:

  • Responsabilidade civil: o dono deve indenizar a vítima por danos físicos e materiais, salvo prova de culpa exclusiva da vítima ou força maior.
  • Responsabilidade criminal: ataques de cães podem configurar lesão corporal (artigo 129 do Código Penal) ou até homicídio, dependendo da gravidade.
  • Omissão de cautela: a Justiça pode entender que houve negligência, responsabilizando criminalmente o tutor.
  • Raças perigosas: leis estaduais e municipais determinam uso de guia, coleira e focinheira em locais públicos.

Em casos de reincidência, o animal pode ser apreendido e destinado à adoção responsável.

 

A responsabilidade dos tutores

Especialistas em comportamento animal e organizações de proteção lembram que cães, independente da raça, precisam de manejo responsável. Deixar animais soltos é não apenas uma infração administrativa, mas um risco à vida de pessoas e do próprio animal.

“O problema não está no cão, mas na falta de responsabilidade de quem deveria cuidar dele”, alertam. 


ERRATA

Como havíamos anteriormente informado que o projeto de lei da vereadora Seandra Cordeiro de Oliveira havia sido aprovado, pedimos desculpas e reiteramos que o mesmo foi retirado de pauta.  

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