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| Dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio |
O mês de setembro carrega um simbolismo que vai muito além da chegada da primavera. Desde 2013, quando o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), deu visibilidade à campanha internacional Setembro Amarelo®, o Brasil assumiu o compromisso de tratar o suicídio como um tema de saúde pública e de esperança. A campanha ganhou força em 2014 com a parceria entre a ABP e o Conselho Federal de Medicina (CFM), e hoje é reconhecida como a maior campanha antiestigma do mundo.
O dia 10 de setembro, data em que se celebra o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, é um marco dentro de uma jornada que acontece ao longo de todo o ano. Em 2025, o lema escolhido — “Se precisar, peça ajuda!” — reforça a mensagem de que a vida deve sempre ser a primeira opção e que buscar apoio é sinal de força, não de fraqueza.
Um problema de saúde pública global
Os números revelam a gravidade dessa realidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida anualmente. Considerando os casos subnotificados, estima-se que o número ultrapasse a marca de 1 milhão de vidas perdidas por ano. No Brasil, a estatística se traduz em cerca de 14 mil mortes anuais — uma média de 38 pessoas por dia.
Embora em várias partes do mundo as taxas tenham caído, o continente americano segue na contramão, com crescimento constante dos registros. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio já é a quarta principal causa de morte, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Em muitos desses casos, a raiz do problema está ligada a transtornos mentais não diagnosticados ou tratados de forma incorreta — o que significa que grande parte das ocorrências poderia ser evitada com acesso adequado à saúde mental.
O tabu que precisa ser rompido
Falar sobre suicídio ainda é um desafio. O tema, cercado por preconceitos e silêncio, muitas vezes impede que pessoas em sofrimento busquem ajuda. É justamente contra esse tabu que o Setembro Amarelo® atua: disseminar informação correta, abrir espaço para o diálogo e, principalmente, mostrar que ninguém precisa enfrentar a dor sozinho.
Quando alguém pensa em tirar a própria vida, seu campo de visão emocional se estreita. Os problemas parecem insuperáveis, e as alternativas, invisíveis. É nesse momento que a escuta ativa, a empatia e a presença de pessoas próximas fazem toda a diferença. Ouvir sem julgamento, oferecer apoio e encaminhar para um profissional especializado podem ser atitudes capazes de salvar vidas.
Dados que alertam
Os dados do Ministério da Saúde mostram que a situação é ainda mais preocupante entre adolescentes e jovens. Entre 2016 e 2021, houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos. Esse crescimento revela a urgência de fortalecer políticas públicas de prevenção e de ampliar o acesso ao atendimento em saúde mental.
Outro dado que chama a atenção é a diferença entre os sexos. No Brasil, a taxa de suicídio é de 12,6 mortes a cada 100 mil homens, contra 5,4 por 100 mil mulheres. Globalmente, homens em países de alta renda apresentam índices mais altos, enquanto mulheres em países de baixa e média renda enfrentam taxas maiores. Esses recortes mostram como fatores culturais, sociais e econômicos influenciam diretamente no fenômeno.
O papel da sociedade
Combater o suicídio exige uma ação conjunta. Famílias, escolas, instituições públicas, entidades religiosas e toda a sociedade têm responsabilidade na construção de uma cultura de cuidado. Isso passa por campanhas de conscientização, mas também por medidas práticas: ampliar a rede de atendimento psicológico, oferecer suporte nas escolas, combater o bullying e criar espaços de acolhimento.
Atualmente, apenas 38 países possuem uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio. No Brasil, a mobilização do Setembro Amarelo® é um passo importante, mas ainda há muito a ser feito para transformar a prevenção em prioridade permanente na agenda de saúde pública.
Como ajudar e buscar ajuda
- Todos podem ser agentes de prevenção. Algumas atitudes simples fazem diferença:
- Escutar com atenção quem demonstra sofrimento;
- Evitar julgamentos ou críticas;
- Oferecer apoio prático e emocional;
- Encaminhar para profissionais de saúde, especialmente psiquiatras e psicólogos.
Para quem está em crise, é fundamental saber que há redes de apoio disponíveis. O CVV – Centro de Valorização da Vida atende gratuitamente, 24 horas por dia, pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br. O SUS também conta com os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), além de serviços de urgência e emergência.
Setembro Amarelo® 2025: se precisar, peça ajuda!
A campanha deste ano reforça uma mensagem simples e poderosa: pedir ajuda é um ato de coragem. Reconhecer a dor e buscar apoio é o primeiro passo para reencontrar o caminho da vida. A iniciativa disponibiliza materiais informativos, cartilhas e diretrizes para que escolas, empresas e instituições possam multiplicar essa corrente de solidariedade.
Falar é o início da transformação. Ao romper o silêncio, damos voz à esperança e ajudamos a salvar vidas. Que este Setembro Amarelo® seja mais um passo para uma sociedade que valoriza a vida em todas as suas formas e que entende que, mesmo nos dias mais difíceis, sempre há uma saída.
📌 Se você está passando por um momento difícil, procure ajuda. Ligue 188 (CVV) ou procure atendimento médico. Você não está sozinho.
