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O Brasil do absurdo: onde até os criminosos são enganados

 

Um país que se acostumou a ver o errado virar rotina e o absurdo se tornar manchete


O Brasil parece ter perdido o senso do ridículo. Estamos falando de um país onde, em pleno 2025, cidadãos pagam mais de R$ 3 trilhões em impostos e, ainda assim, convivem com um sistema tão falho que até os criminosos são enganados por outros criminosos. É o retrato da barbárie institucionalizada — um país que se acostumou a ver o errado virar rotina e o absurdo se tornar manchete.

Os recentes casos de intoxicação por metanol revelam uma cadeia de irresponsabilidade e corrupção que escancara o colapso do Estado brasileiro. Segundo as investigações, fábricas clandestinas de bebidas estariam utilizando etanol de baixa qualidade, já contaminado com metanol, adquirido de postos de combustíveis. Em outras palavras: criminosos comprando de criminosos. Um golpe dentro do golpe, um crime sobre outro crime. E, no fim, quem paga o preço — literalmente com a vida — é o cidadão comum, que só queria relaxar degustando uma simples caipirinha para tentar se esquecer de que é um escravo do sistema.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, foi direto: o etanol usado na adulteração “já vem contaminado com metanol”. A contaminação também pode ocorrer na higienização de vasilhames, feita com o mesmo produto tóxico. O governo paulista ainda destacou que não há envolvimento de facções criminosas, o que torna tudo ainda mais revoltante — não se trata de um grande esquema organizado, mas sim de uma anarquia de pequenos golpistas, explorando a fragilidade da fiscalização e a ganância sem limite que corrói o país.

Enquanto isso, o Ministério da Saúde registra 29 casos confirmados de intoxicação por metanol, até o último fim de semana, com 217 investigações em andamento. São Paulo concentra mais de 70% das ocorrências, mas Paraná e Rio Grande do Sul também aparecem na lista. E a grande verdade é que ninguém sabe quantas garrafas contaminadas ainda circulam pelo país. Ou seja, o brasileiro — aquele mesmo que trabalha, paga imposto, sobrevive à inflação e financia a máquina pública — agora precisa ter medo até de tomar uma caipirinha.

Tudo isso é consequência direta de um Estado omisso e ineficiente, que se vangloria da arrecadação recorde de impostos, mas falha miseravelmente naquilo que deveria ser básico: fiscalizar, proteger e garantir a segurança da população. Como aceitar que um país que arrecada trilhões em tributos permita que combustíveis sejam adulterados e vendidos livremente? Que tipo de governo se orgulha de recordes fiscais enquanto vidas são ceifadas pela negligência?

O Brasil é o país onde a gasolina é uma das mais caras do mundo, onde o etanol virou veneno e onde os impostos sustentam privilégios, não políticas públicas. É o país onde até quem vive fora da lei é enganado pela própria corrupção do sistema. E, diante de tudo isso, o cidadão honesto segue sendo a vítima preferida: paga caro e sofre.

As intoxicações por metanol são mais do que um acidente trágico — são o sintoma de um sistema doente, onde a ganância, a falta de ética e a ausência de fiscalização se encontram para produzir tragédias anunciadas. Um sistema que joga o povo brasileiro para os “leões” e depois se esconde atrás de discursos frios e promessas vazias.

Enquanto as autoridades trocam acusações, a população continua sendo envenenada — não apenas pelo metanol, mas pela incompetência, pela corrupção e pela impunidade que consomem o país há décadas. O Brasil de hoje é um lugar onde o errado compensa, o honesto sofre, e o criminoso… é enganado por outro criminoso. Bem-vindo ao Brasil — o país onde até o crime é vítima do próprio crime, e onde o povo paga a conta com a vida, com o bolso e com a esperança.

POR ALEXANDRE CARVALHO

 

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