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Servidora do Governo do Paraná é condenada a 10 anos de prisão por desvio de dinheiro público

A condenação atual contrasta fortemente com a imagem pública que Keli construiu ao longo da carreira - FOTO: Governo do Paraná

 

A superintendente-geral de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo do Paraná, Keli Guimarães, foi condenada a 10 anos de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, em uma decisão que tem repercutido em todo o Estado. O caso envolve desvios de recursos públicos em contratos firmados entre uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e dezenas de prefeituras paranaenses, especialmente na área da saúde.

A sentença foi proferida pelo juiz Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal de Curitiba, com base em investigação do Ministério Público Federal (MPF). Segundo a denúncia, entre 2008 e 2014, Keli teria utilizado uma empresa de sua propriedade para desviar verbas públicas que somaram R$ 1,3 milhão.

O MPF aponta que os valores foram repassados por meio de contratos celebrados com municípios, em um esquema que beneficiava diretamente a então funcionária da OSCIP. Os recursos deveriam ser destinados a projetos sociais e de saúde pública.

A defesa da servidora recorreu da decisão e afirmou que não irá se manifestar até o julgamento do recurso. O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Fernando Guimarães, marido da condenada, também preferiu não comentar, mas classificou a decisão como “fraca”.


De “embaixadora da família” à condenação judicial

A trajetória de Keli Guimarães no serviço público sempre foi marcada por projeção e reconhecimento dentro do governo estadual. Nascida em Terra Roxa, no Oeste do Paraná, Keli é mãe de seis filhos e atuou por mais de uma década na área da saúde. Essa vivência a levou ao Legislativo paranaense, onde trabalhou junto à Comissão de Educação, desenvolvendo projetos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

Em 2016, foi uma das articuladoras da Estratégia Paraná de Olho nos ODS, um grupo de trabalho que visava integrar os 399 municípios do Estado em políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável. O projeto ganhou força quando foi criada a Superintendência Geral de Desenvolvimento Econômico e Social (SGDES), órgão que passou a coordenar essas ações diretamente do Executivo estadual.

Com a criação da SGDES, Keli assumiu a superintendência em 2022, cargo comissionado com salário bruto de R$ 30,4 mil. A função incluía a formulação e acompanhamento de políticas socioeconômicas, além de projetos em parceria com organismos internacionais.

Em 2022, ela também ganhou destaque ao ser nomeada embaixadora brasileira da Organização Mundial da Família (World Family Organization – WFO), durante a 36ª assembleia da entidade, realizada em Paris, França. O título de Goodwill Ambassador é concedido a personalidades que promovem causas humanitárias e sociais. Na época, a nomeação foi celebrada como um reconhecimento à atuação de Keli na área social e ambiental.


O contraste entre reconhecimento e queda

A condenação atual contrasta fortemente com a imagem pública que Keli construiu ao longo da carreira. Ela foi homenageada em diversas ocasiões por organismos nacionais e internacionais, como a WFO e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), por sua participação em projetos voltados à sustentabilidade e inclusão social.

Entretanto, as investigações do MPF revelaram um histórico de irregularidades em contratos públicos firmados ainda antes de sua entrada oficial na estrutura do Governo do Paraná. Segundo o órgão, entre 2010 e 2013, a empresa ligada à servidora recebeu R$ 1.313.830,00 de recursos federais e municipais destinados a programas sociais, mas parte significativa teria sido desviada em benefício próprio.

O caso reacende o debate sobre o controle e a transparência no uso de recursos públicos por organizações conveniadas com o Estado. Além disso, a condenação de uma servidora de alto escalão que permanece em cargo estratégico no governo reforça a pressão por medidas de responsabilização administrativa.


Próximos passos

Mesmo com a condenação, Keli Guimarães ainda pode recorrer em liberdade. O processo segue agora para instâncias superiores. Até o momento, o Governo do Paraná não se pronunciou oficialmente sobre o caso, nem confirmou eventuais medidas administrativas em relação à servidora. Enquanto isso, o episódio continua a repercutir entre servidores, gestores municipais e lideranças políticas, que veem na condenação um duro golpe à credibilidade de projetos ligados ao desenvolvimento sustentável e à agenda social do Estado.

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