Uso de remédios a base do Canabidiol em discussão na Câmara de Vereadores

 
Assunto voltou a movimentar sessão da Câmara de Vereadores 

O presidente da Câmara de Vereadores, Giomar da Rosa, o Juma (União Brasil), levou para o Poder Legislativo, na sessão desta semana, uma questão muito polêmica e que é considerada ainda nos tempos atuais, um grande tabu. Trata-se do uso de medicamentos a base de Canabidiol, substância proveniente da folha da Canabis, a maconha. Ocorre que Juma é pai de um garotinho autista, o pequeno Murilo, que assim como outros milhares de autistas Piên à fora, necessitam de medicamentos como o Canabidiol, para afastarem as crises e outros problemas neurológicos. 

Juma apresentou uma indicação solicitando que Prefeitura desenvolva políticas publicas que facilitem o acesso a medicamentos e produtos a base de canabidiol para tratamento de doenças, síndromes e transtornos de saúde, em conformidade com a Lei Estadual (Nº 21.364/2023) que vem sendo regulamentada no Paraná. Para expor a importância do uso do remédio para muitos pacientes, Juma convidou para ocupar a Tribuna o jovem Caíque Eduardo Rodrigues, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que vem fazendo o uso do Canabidiol.

Antes disso, quem ocupou a Tribuna foi o pai de Caíque, Valdeni Bispo dos Santos, que relatou os “altos e baixos” que a família já passou por conta da doença. “Depois da pandemia tivemos o desprazer de um médico, em uma consulta por vídeo chamada, olhar para o menino e dizer que ele não tinha nada. Depois de 9 anos de tratamento voltamos quase a estaca zero. Ele pediu para tirar a medicação de Caíque e depois disso passamos um apuro terrível, principalmente na escola. O Caíque, assim como muitos autistas, não podem ficar sem medicação, ao menos que Deus faça um milagre, ele terão que tomar medicação”, disse.

Ao falar sobre a vida da família para integrar Caíque junto ao sociedade e fazer valer seus direitos, o pai de Caíque contou que o garoto, a aproximadamente 40 dias, começou a fazer o uso do Canabidiol. “O medico me disse, se o tratamento não fizer efeito em 30 dias eu devolvo o dinheiro para vocês”, contou. “Posso dizer que o Caíque mudou da água para o vinho. Ele está com os pensamentos mais centrados e desde que começou o tratamento não teve mais nenhuma crise. Hoje ele está até trabalhando na PKC, ele vem nos surpreendendo a cada dia”, contou o pai.

 

Discriminação e discriminação

Caíque falou sobre preconceito e discriminação que os autistas sofrem


Antes de falar sobre os benefícios que o Canabidiol vem proporcionando em sua vida, Caíque fez questão de relembrar e expor todas dificuldades que ele enfrenta em sua vida, desde o diagnostico, quando ainda era pequeno e residia em Foz do Iguaçu. O garoto deu uma aula sobre o que é ser especial. “Dependendo do autista, ocorre que certa parte do corpo fica afetada, no meu caso, minha audição é mais aguçada. Se eu ouvir um barulho muito alto, já tampo o ouvido na hora e paro de fazer o que estou fazendo”, disse.

Caíque comentou com os vereadores que o que mais lhe causava tristeza e indignação nas escolas era ser abandonado e deixado de lado pelos colegas. “Com 12 anos de idade tentei cometer suicídio por causa de uma depressão. Os medicamentos não estavam certos, sofria muito preconceito no colégio. Quando vim para Piên tive outras várias crises, e um dia, até chamaram a Polícia na escola que eu estudava aqui em Piên quando tive uma crise nervosa, por causa que tinha três moleques me ameaçando falando que iam me bater”, relembrou.

O garoto, que deu um show a parte em sua oratória no Púlpito da Câmara, falou mais sobre os benefícios que o medicamento vem oferecendo em sua vida. “Os autistas precisam tomar medicamento porque a ansiedade é muito forte e até mesmo a depressão. Não sou só eu que preciso, gente que sofre de depressão, ansiedade, esta medicação também ajuda a acalmar. Antes sofria de muita insônia, agora, o Canabidiol ajudou a melhorar bastante até meu sono. Esse remédio tem me ajudado bastante, estou mais ativo, tenho mais vontade de fazer as coisas e estou até sendo elogiado em meu serviço”, contou o garoto.  


“O que me magoava é que as pessoas me descriminavam, saiam de perto de mim, acabavam se afastando. São coisas que têm que cuidar, principalmente um autista no colégio.”

 

Emocionados

Como sempre ocorre na maioria das vezes quando assuntos como autismo, entram em debate na Câmara de Vereadores, alguns parlamentares não conseguiram conter as emoções. Aos prantos, Juma elogiou a fantástica fale de Caíque. “Você é inspiração para gente como pai de autista. Que incentivo para seguirmos buscando a inclusão social, para poder tornar a vida de vocês melhor. Vocês são seres humanos e não vieram de outro planeta, vieram de dentro do ventre de uma mãe. Parabéns aos pais por ter essa força, Caíque, você é um exemplo de superação de menino”, disse Juma.

Também aos prantos, Seandra Cordeiro de Oliveira (Republicanos) comentou que, infelzimente, a sociedade não está preparada para as pessoas que são diferentes, e que o assunto “Canabidiol” ainda é um tabu. “Vemos ai inúmeros relatos de pacientes com Alzheimer, Mal de Parkinson, Epilepsia e muitas outras doenças que melhoraram devido ao uso do Canabidiol, no entanto, as pessoas não encaram isso como uma dádiva de Deus e levam para o lado ruim, que é a Canabis, a maconha. Mas gente, isso é um santo remédio para muitas pessoas”, disse a vereadora.

Confira os discurso de Caíque e deu seu pai, na íntegra:


 




 

Comentários