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Tarifa de 50% dos EUA sobre o tabaco brasileiro acende alerta em Piên e região

 

Setor teme perda de mercado e estoques excedentes, mas produção segue garantida para produtores integrados


O setor do tabaco no Brasil está em estado de alerta com a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre as importações do tabaco brasileiro. A medida, entrou em vigor nesta quarta-feira (6), representa um duro golpe para uma das principais cadeias produtivas do agronegócio nacional — especialmente para regiões produtoras como o Sul do Paraná, incluindo Piên e municípios vizinhos.

Atualmente, os Estados Unidos são o terceiro maior comprador do tabaco brasileiro, atrás apenas da União Europeia e da China. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), somente entre janeiro e junho de 2025, o Brasil exportou cerca de 19 mil toneladas para o mercado norte-americano, gerando aproximadamente US$ 129 milhões em receitas. Em todo o ano de 2024, foram 39,8 mil toneladas vendidas, que renderam US$ 255 milhões.

A medida é vista com preocupação pelas lideranças do setor. O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Valmor Thesing, lamentou a falta de negociação por parte dos Estados Unidos. “A manutenção dessa tarifa cria uma situação bastante complexa. A competitividade do produto brasileiro no mercado norte-americano fica seriamente comprometida. A consequência imediata pode ser uma forte queda no volume exportado para os EUA”, afirmou Thesing.

Apesar do cenário desafiador, Thesing foi enfático ao afirmar que não há, neste momento, qualquer previsão de demissões na indústria. Ele explicou que, graças ao Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), o tabaco contratado junto aos produtores será adquirido normalmente pelas empresas. “As empresas associadas ao SindiTabaco seguem as regras do sistema integrado, garantindo segurança ao produtor quanto à compra dos volumes já contratados”, assegurou.

A safra 2025/2026, já em fase de contratação junto aos produtores, previa cerca de 40 mil toneladas destinadas ao mercado americano. Com a nova tarifa, esse volume corre o risco de não ser embarcado. Caso não seja possível redirecionar rapidamente a produção a outros mercados, ela poderá ficar estocada no país.

No entanto, Thesing acredita que o redirecionamento pode acontecer ao longo dos próximos meses. “O Brasil exporta tabaco para mais de 100 países. Estamos confiantes de que será possível encontrar novos mercados para absorver esse excedente, mesmo que isso leve algum tempo”, pontuou.

A tensão causada pelo chamado “tarifaço de Trump” — em referência ao ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato à reeleição, que voltou a adotar políticas protecionistas — tem sido discutida em diferentes fóruns. Nesta semana, um evento realizado no Rio Grande do Sul, intitulado “Exportações comprometidas: Impactos reais das sanções americanas no RS”, reuniu representantes dos setores mais afetados pela medida. Entre os participantes, esteve Valmor Thesing, que reforçou a importância do mercado americano para o setor.

Thesing lembrou que, em 2024, o Brasil negociou tabaco com 113 países, movimentando mais de US$ 1,3 bilhão no primeiro semestre de 2025 — sendo que os Estados Unidos sozinhos compraram 19 mil toneladas nesse mesmo período. “Vivemos um momento complicado e desafiador, mas seguimos confiantes numa solução diplomática por meio do diálogo entre os países”, completou.

 

Reflexos na região de Piên

A notícia repercutiu fortemente na região de Piên, que se destaca como uma das maiores produtoras de tabaco do Paraná. Responsável por uma fatia expressiva da produção estadual, a cultura do fumo tem papel essencial na economia de centenas de famílias de pequenos agricultores do município e arredores. O receio agora é com a instabilidade dos preços e os impactos indiretos da redução nas exportações.

Apesar disso, produtores integrados seguem com contratos ativos para a safra 2025/2026, o que garante, pelo menos no curto prazo, a comercialização da produção. “A situação preocupa, mas os contratos de integração trazem certa tranquilidade. Nossa maior angústia é saber se haverá comprador para os próximos ciclos”, comentou um produtor de Piên, que preferiu não se identificar.

Enquanto isso, entidades ligadas à agricultura e ao comércio exterior pressionam o governo federal para buscar soluções diplomáticas e minimizar os efeitos do tarifaço. A expectativa do setor é de que, com mobilização e apoio institucional, o Brasil consiga reverter ou ao menos mitigar os impactos dessa decisão no médio prazo.

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