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| Prefeito foi preso no dia 9 de outubro, mas já está em liberdade FOTO: Redes Sociais - Divulgação |
O prefeito de Fazenda Rio Grande, Marco Antônio Marcondes Silva (PSD), se manifestou publicamente pela primeira vez desde que foi preso na Operação Fake Care — investigação que aponta um esquema milionário de desvio de recursos da Saúde. No vídeo divulgado na noite desta segunda-feira (18), Marcondes afirmou que “na política, quem faz incomoda”, sugerindo que seu suposto bom desempenho pode ter motivado a megaoperação do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Sim, no Brasil dos absurdos, até quem é acusado de receber R$ 251,2 mil em dinheiro vivo consegue posar de injustiçado. Segundo ele, o silêncio até agora se devia à orientação de seus advogados. “Sempre trabalhei de forma honesta... confio na Justiça”, disse, sem negar diretamente nenhum dos crimes pelos quais foi denunciado.
Marcondes ainda insinuou que o “preço por fazer demais” pode ter pesado contra ele. Resta saber se esse “fazer” incluiria, por exemplo, o aumento de 463% no próprio patrimônio, como aponta o MP.
O que diz o Ministério Público
De acordo com a denúncia, um esquema de corrupção teria desviado mais de R$ 10 milhões da área da Saúde por meio de contratos sem licitação com a empresa AGP Saúde, que oferecia supostos serviços de “testagem domiciliar” e “levantamento estatístico”.
Uma análise técnica do CAOP da Saúde Pública concluiu que o projeto não tinha metodologia adequada, poderia gerar vieses graves e sequer tinha relação com o programa “Saúde nos Bairros”, como divulgado pela prefeitura.
O MP descreve um roteiro digno de série policial:
- pagamentos da prefeitura à empresa investigada;
- depósitos em dinheiro vivo nas contas dos denunciados;
- reuniões na casa do prefeito para divisão de propina;
- e operações de lavagem de dinheiro acompanhadas por câmeras de segurança.
- Nada que lembrasse exatamente “incomodar por fazer demais” — pelo menos não no sentido tradicional.
Relembre o caso
A Operação Fake Care estourou no dia 9 de outubro, após seis meses de investigação. Cinco pessoas foram presas, incluindo o prefeito Marco Marcondes. Todos foram liberados no dia 23, mediante uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares.
Foram denunciados por organização criminosa, contratação direta ilegal, desvio de dinheiro público e corrupção passiva majorada:
- Marco Antônio Marcondes Silva – prefeito;
- Francisco Roberto Barbosa – secretário da Fazenda e ex-secretário de Saúde;
- Samuel Antonio da Silva Nunes – sócio da AGP Saúde;
- Alberto Martins de Faria – auditor do TCE-PR;
- Abrilino Fernandes Gomes – ex-chefe de gabinete;
- Angela Maria Martins de Faria – mãe do auditor.
O MP estima que o esquema total, envolvendo prefeituras do Paraná e Santa Catarina, pode chegar a R$ 30 milhões.
Em Fazenda Rio Grande, o Portal da Transparência registra três contratos, entre 2024 e 2025, com a AGP Saúde — todos sem licitação — somando R$ 5.723.375,00.
Enquanto o processo segue na Justiça, o prefeito garante estar tranquilo e confiante. Afinal, segundo ele, “quem faz, incomoda”. Já a população, que paga a conta, segue aguardando que a Justiça diga quem realmente fez — e o que foi feito.
