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| Operação policial no Rio de Janeiro na semana passada deixou saldo de 121 pessoas mortas FOTO: TOMAZ SILVA - AGÊNCIA BRASIL |
A megaoperação policial realizada na última semana nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de ao menos 121 pessoas e na maior apreensão de fuzis da história do estado, continua repercutindo no Brasil e no exterior. Enquanto organizações de direitos humanos e setores da comunidade internacional apontam preocupação com o nível de violência e letalidade, uma pesquisa da Quaest revela que grande parte da população fluminense apoia ações desse tipo e acredita que o Rio vive um cenário semelhante ao de conflito armado.
Segundo o levantamento, 64% dos entrevistados disseram aprovar a operação, enquanto apenas uma minoria declarou desaprovação. Para 58%, a ação policial foi considerada um sucesso, apesar do alto número de mortes, da destruição de moradias e da paralisação de serviços em diversas comunidades.
A sondagem também indica que a população não deseja o fim desse tipo de ação: 73% afirmaram que a polícia deveria realizar outras operações como essa em favelas, morros e áreas dominadas pelo crime organizado.
Rio de Janeiro visto como um território em guerra
Um dado que chama atenção é a percepção sobre o cotidiano do estado. De acordo com a pesquisa, 87% dos entrevistados acreditam que o Rio de Janeiro vive uma situação de guerra. Essa visão está relacionada ao domínio territorial de facções criminosas, disputas entre grupos armados e limitações impostas à circulação de moradores e serviços públicos.
Ainda nessa linha, 72% disseram concordar que organizações do crime organizado devem ser enquadradas legalmente como grupos terroristas — um debate que vem ganhando força em vários estados e no Congresso Nacional.
Contexto da operação
A operação da semana passada envolveu Polícia Militar, Polícia Civil e órgãos federais, com apoio aéreo e terrestre. Foram apreendidos dezenas de veículos, toneladas de munição e mais de 90 fuzis, muitos deles de uso restrito das Forças Armadas, evidenciando o alto poder bélico das facções que atuam no Rio.
O episódio reacendeu discussões sobre:
- O avanço do crime organizado no país
- A fragilidade do controle de fronteiras para armamentos
- Os desafios das políticas públicas de segurança e prevenção
- A presença de facções brasileiras em outros estados e países
- Entre apoio e preocupação, o debate segue aberto
Se por um lado a pesquisa mostra apoio majoritário às operações, por outro, a repercussão nacional e internacional evidencia preocupações com o impacto humanitário, a segurança dos moradores e o risco de escalada permanente da violência.
Enquanto isso, nas comunidades, o cotidiano segue marcado por medo, interrupções de serviços essenciais e incerteza. E, no restante do país, cresce a percepção de que o Rio não enfrenta um problema isolado — mas sim um reflexo de uma crise nacional de segurança pública, que se expande para outras capitais e cidades de médio porte.
