
O tornado de 7 de novembro pegou moradores de surpresa. Em poucos minutos, a cidade de Rio Bonito do Iguaçu foi tomada por ventos destrutivos que deixaram um rastro de destruição - FOTO: AE Notícias
O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) concluiu nesta quarta-feira (26) o laudo técnico sobre os três tornados que atingiram o estado no dia 7 de novembro. O documento, com mais de 130 páginas, confirmou o que já se suspeitava: o fenômeno que devastou Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava foi ainda mais forte do que se imaginava, sendo reclassificado para a categoria F4 na Escala Fujita — nível que representa ventos entre 332 e 418 km/h e danos considerados devastadores.
Segundo o Simepar, esse é um dos eventos mais severos registrados no Paraná nos últimos 30 anos, tanto pela intensidade quanto pela extensão da destruição. No total, onze municípios foram afetados, incluindo Rio Bonito do Iguaçu, Guarapuava, Turvo, Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Porto Barreiro, Laranjeiras do Sul, Virmond, Cantagalo e Candói.
Como o fenômeno se formou
Três tornados em sequência
O relatório descreve que duas supercélulas deram origem a três tornados distintos. A primeira delas percorreu cerca de 270 quilômetros e foi responsável por dois deles:
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O Tornado 1, que passou por Quedas do Iguaçu (F1), Espigão Alto (F1), Nova Laranjeiras (F1), Rio Bonito do Iguaçu (F4), Porto Barreiro (F3), Laranjeiras do Sul (F3), Virmond (F2) e Cantagalo (F1);
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O Tornado 2, que atingiu Candói (F2) e o distrito de Entre Rios, em Guarapuava (F4).
A segunda supercélula percorreu 230 quilômetros, com ventos de até 85 km/h, e gerou o Tornado 3, classificado como F2, sobre o município de Turvo.
Danos e investigações
As evidências dos estragos foram reunidas a partir de sobrevoos de helicóptero, imagens de satélite e vídeos enviados por moradores. O meteorologista Reinaldo Kneib registrou pessoalmente as áreas mais atingidas, especialmente na zona urbana de Rio Bonito do Iguaçu e na região de Entre Rios, em Guarapuava.
Casas foram completamente destruídas, plantações arrasadas e veículos arremessados a grandes distâncias. A força do vento chegou a arrancar árvores pela raiz e dobrar estruturas metálicas.
Tragédia e aprendizado
O secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, destacou a importância do trabalho técnico e da cooperação entre o Simepar, Corpo de Bombeiros, Instituto Água e Terra e Defesa Civil. “É por isso que o Simepar existe: para trabalharmos na mitigação e também na resiliência futura, produzida a partir da experiência deste triste episódio”, afirmou o secretário.
O relatório reforça que o estudo detalhado desses fenômenos é essencial para aprimorar o planejamento territorial e a gestão de riscos, especialmente diante da crescente ocorrência de eventos climáticos extremos.
Relembre os fatos
Escala Fujita — entenda as categorias
A Escala Fujita mede a força dos tornados de acordo com os danos causados e a velocidade estimada dos ventos:
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F0: leve (65–116 km/h)
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F1: moderado (116–180 km/h)
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F2: considerável (180–253 km/h)
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F3: severo (253–332 km/h)
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F4: devastador (332–418 km/h)
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F5: incrível (418–511 km/h)
Com ventos de até 418 km/h, o tornado de Rio Bonito do Iguaçu agora figura entre os mais potentes da história recente do Paraná — um lembrete da força da natureza e da importância da prevenção diante das mudanças climáticas.
