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Esquema de corrupção em Fazenda Rio Grande pode se estender a outros municípios do Paraná

Prefeito da Fazenda Rio Grande e comentarista esportivo Abrilino Fernandes Gomes estão entre os presos por participação no esquema - FOTO: Redes Sociais



O escândalo que abalou a política paranaense volta a ganhar força. Nesta terça-feira (14), o Ministério Público do Paraná (MPPR) apresentou uma denúncia criminal contra seis pessoas investigadas na Operação Fake Care, que apura um esquema de corrupção milionário envolvendo contratos da área da saúde em Fazenda Rio Grande. Entre os denunciados está o prefeito Marco Marcondes, preso desde o dia 9 de outubro, apontado como um dos beneficiários diretos de propina proveniente de contratos fraudulentos firmados com a empresa AGP Saúde.


Novas provas e imagens reveladas

A denúncia do MP veio acompanhada de novas imagens de câmeras de segurança obtidas no condomínio onde reside o prefeito. Nos registros, Marco Marcondes aparece ao menos três vezes recebendo pacotes de dinheiro das mãos de outros investigados. Segundo o MP, os valores entregues seriam propina paga pela AGP Saúde em troca de contratos públicos superfaturados.

Imagens divulgada blog Politicamente mostram prefeito recebendo dinheiro de propina


As investigações revelam que o esquema envolvia pagamentos fracionados em espécie, totalizando R$ 250 mil depositados na conta do prefeito e outros R$ 86 mil na conta do secretário da Fazenda do município. Os depósitos ocorriam sempre próximos a repasses oficiais feitos à empresa. Outro dado que chamou atenção foi o aumento patrimonial de 463% de Marcondes entre 2020 e 2024 — período em que, segundo os promotores, o esquema estava em plena atividade.

As imagens e os detalhes da denúncia foram divulgados pelo blog Politicamente, trazendo à tona o que o MP descreve como uma “rede organizada de corrupção e lavagem de dinheiro” instalada dentro da administração municipal.


Contratos sob suspeita em outros municípios

O impacto da Operação Fake Care ultrapassa as fronteiras de Fazenda Rio Grande. O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) confirmou que investiga contratos da AGP Saúde em pelo menos seis outros municípios: Contenda, Quatro Barras, Campina Grande do Sul, Piraquara, Paranaguá e Bocaiúva do Sul.

Os auditores da Coordenadoria de Acompanhamento de Atos de Gestão (CAGE) exigiram que as prefeituras enviem cópias integrais dos contratos, planilhas de pagamento e relatórios de prestação de serviços. A meta é identificar se o mesmo modelo de fraude aplicado em Fazenda Rio Grande foi replicado em outros locais.

Os valores levantados chamam atenção. Em Piraquara, a renovação contratual com a AGP Saúde em 2024 atingiu R$ 13,77 milhões. Já em Paranaguá, o credenciamento da empresa via chamamento público envolveu R$ 2,02 milhões para serviços de testagem domiciliar. Em outros municípios, o TCE apura eventuais sobrepreços, contratações sem licitação e favorecimentos políticos.

A gravidade aumenta porque o suposto mentor do esquema, Alberto Martins de Faria, é ex-auditor do próprio TCE-PR — o mesmo órgão responsável por fiscalizar as prefeituras. Preso junto com Marcondes, ele é apontado pelo MP como o líder do grupo criminoso, com acesso privilegiado a informações e influência direta sobre gestores municipais. A suspeita é de que tenha utilizado essa posição para reproduzir o modelo de corrupção em diferentes cidades.


Quem são os denunciados


Além do prefeito Marco Marcondes e do ex-auditor Alberto Faria, foram denunciados:

Samuel Antônio da Silva Nunes, apontado como “laranja” da AGP Saúde, formalmente responsável pelos contratos;

Abrilino Fernandes Gomes, conhecido comentarista esportivo e ex-chefe de gabinete em Contenda, e ex-assessor da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), acusado de atuar como intermediador político;

Ângela Maria Martins de Faria, mãe de Alberto e sócia de uma das empresas de fachada usadas para lavar dinheiro;

e o secretário da Fazenda de Fazenda Rio Grande, também suspeito de participar da divisão dos recursos desviados.

Dentre os seis, Abralino Gomes foi o único autorizado pela Justiça a responder em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica. Os demais permanecem detidos.


Como funcionava o esquema

De acordo com o Ministério Público, o grupo articulava contratações diretas e ilegais da AGP Saúde, que apresentava propostas superfaturadas e recebia por serviços de testagem domiciliar e levantamentos estatísticos. Parte dos valores pagos pela prefeitura retornava aos envolvidos por meio de empresas de fachada, transferências simuladas e entregas em dinheiro vivo.

Esquema lesou cofres públicos de Fazenda Rio Grande


As operações bancárias e as imagens de vigilância foram consideradas provas centrais pelo MP para confirmar o envolvimento direto do prefeito nos recebimentos indevidos. Além da corrupção, a denúncia inclui crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.


Repercussão política

A prisão de Marco Marcondes, uma das principais lideranças do PSD no Paraná, gerou forte repercussão na política estadual. O caso colocou Fazenda Rio Grande no centro de um dos maiores escândalos de corrupção municipal dos últimos anos e reacendeu o debate sobre a fiscalização dos contratos da saúde pública no estado.

O governador e lideranças do partido preferiram não comentar o caso, enquanto o MP segue colhendo depoimentos e analisando documentos obtidos nas buscas e apreensões. Já o TCE-PR informou que ampliará o escopo da auditoria para incluir outros municípios que tenham mantido relações contratuais com a AGP Saúde nos últimos quatro anos.


Próximos passos

Com a denúncia formalizada, o processo segue para a 3ª Vara Criminal de Fazenda Rio Grande, que deve decidir sobre a manutenção das prisões preventivas e o recebimento da ação penal. O MP também estuda bloquear bens e contas dos denunciados para garantir o ressarcimento dos cofres públicos.

Enquanto isso, o caso continua a se desdobrar em novas frentes. Para os investigadores, há indícios de que o esquema não se restringia a Fazenda Rio Grande, podendo revelar uma rede estruturada de corrupção com ramificações em diversas cidades do Paraná.


Resumo

O prefeito Marco Marcondes permanece preso desde o dia 9 de outubro, acusado de liderar — junto a servidores, empresários e um ex-auditor do TCE-PR — um esquema milionário de desvio de verbas da saúde. As novas provas do MP, somadas às suspeitas de contratos irregulares em outros municípios, indicam que a Operação Fake Care pode ser apenas o início de uma investigação ainda mais ampla sobre corrupção na gestão pública paranaense.

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