terça-feira, 26 de julho de 2022

Aulas gratuitas de jiu-jítsu reúnem 70 pessoas

As aulas de jiu-jítsu em Piên contemplam todas as idades e ocorrem nas segundas, quartas e sextas-feiras. Informações ou doações podem ser feitas pelo telefone (41) 99294-8372


Uma iniciativa que oferece treinamento gratuito de jiu-jítsu vem fazendo a alegria de 70 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, em Piên. Trata-se do projeto "Não tenha medo de recomeçar", da equipe Renan Rocha Piên, iniciada em 2019.

Donisclei Teles dos Santos, ou simplesmente Donis, como é conhecido em Piên, é o idealizador do projeto social. Ele lembra que as aulas de jiu-jítsu no município começaram na garagem de sua casa. Ele é natural de São Paulo e conta os motivos que o levaram a desenvolver o projeto. “Eu nunca tive essa oportunidade que estamos oferecendo para essas crianças. Me bati a vida toda, cometi muitos erros. Hoje entendo que estou dando uma oportunidade a todas essas crianças, uma oportunidade que nunca tive”, relatou.

Donis é motorista de ônibus em Piên. Quando não está dirigindo ou com sua família, ele ministra aulas em sua academia, que atualmente funciona em um espaço cedido por um empresário da cidade. “O jiu-jítsu é um esporte que trabalha a disciplina nessas crianças. Algo que ensina que existem limites, existe hierarquia. O jiu-jítsu trabalha a autoestima, ensina a se respeitar os mais graduados, respeitar o pai, a mãe, o patrão. Ensina que a gente luta, mas se respeita”, acrescentou.

O professor ainda explicou que a prática do jiu-jítsu faz as crianças perderem peso e ganharam massa muscular. Além disso, Donis elencou que sua maior intenção em desenvolver o projeto em Piên é oferecer oportunidade para os alunos, sejam eles crianças, adolescentes ou adultos. “Quando começamos eram somente algumas pessoas da minha família participando das aulas, mas o projeto foi crescendo. Algumas crianças foram aparecendo, uma foi chamando outra e hoje estamos com mais de 70 alunos”, comemorou, sendo destas, 40 crianças. 


Para todas as idades

José Valmir Tschoeki é pai de um dos alunos do projeto. Ele conta que seu filho, Vinicius, era muito tímido antes de participar das aulas de jiu-jítsu. “Ele sofria muito com a timidez, principalmente na escola. Aí veio a pandemia de Covid-19 e tudo ficava fechado nos finais de semana, não tinha o que ele fazer. Depois que ele começou a participar do projeto, ele mudou completamente, até a timidez perdeu”, mencionou.

Ainda conforme o pai do garoto, as aulas de jiu-jítsu estão contribuindo com a educação de seu filho. “Acompanho meu filho em todas as aulas. Percebo que eles trabalham muito essa questão de educação com os alunos, do respeito. Isso é muito bom, pois meu filho passou a ter um melhor comportamento em casa. Por isso, eu indico a outros pais a prática do jiu-jítsu. Pode parecer algo meio violento, mas não é”, acrescentou.

Cacilda Maria de Almeida Freitas, que é mãe do professor de jiu-jítsu Isaias Humberto, tem 81 anos de idade e prática o esporte. Ela também indica o jiu-jítsu. “Eu gosto muito. É um esporte muito gostoso de praticar. Eu acompanho meu filho nos eventos dele e esta é a primeira vez que estamos em Piên. Viajamos 7 horas para chegar aqui e é muito bom ver a escola aqui cheia de crianças. O jiu-jítsu ajuda a me exercitar e manter minha saúde e meu bem estar em dia, por isso, super indico para todas as pessoas”, salientou.


Cultivando esperança

O empresário de Piên que cedeu o espaço onde funciona a escola de jiu-jítsu, o qual prefere não se identificar, faz questão de elencar os resultados que vêm sendo alcançados com o projeto. “Fui um dos primeiros a ter contato com o Donis, em Piên. Esse projeto social de resgate de nossas crianças é algo fantástico, pois muitas crianças estão expostas à violência e à marginalidade. Vendo a dificuldade do professor em relação à falta de estrutura, resolvi compartilhar o espaço para que ele pudesse ampliar esse atendimento, pois esse trabalho, essa oportunidade, é algo que me encanta”, salientou.

O empresário ainda pontuou sobre a diversidade dos alunos que participam das aulas de jiu-jítsu em Piên. “Temos crianças carentes, pessoas muito simples, autistas e várias outras. Temos crianças com transtornos de comportamento e outros aspectos psicológicos que frequentam as aulas e através desse projeto conseguem buscar o equilíbrio, amenizar o seu sofrimento e se fortalecer. Só tenho que parabenizar ao professor Donis por esse projeto, pois ele trouxe esperança para nossa comunidade. Vejo a dificuldade em manter o projeto, mas o Donis tem corrido o comércio pedindo ajuda e fico feliz que o projeto só cresce”, concluiu. 


Troca de faixas

No sábado, o projeto "Não tenha medo de recomeçar” promoveu, na Câmara de Vereadores de Piên, um evento de troca de faixas de alguns alunos. O plenário ficou lotado e algumas lideranças políticas da cidade, entre elas o prefeito Maicon Grosskopf, participaram. 

O professor de jiu-jítsu, Isaias Humberto, que é parceiro do projeto, explica que os alunos precisam se dedicar muito para subir de nível e trocar de faixa. “Observamos tudo, o comportamento, se o aluno chega atrasado, se ele cumpre as regras, se obedece aos pais. Assim, se eles se comportarem, eles ganham 4 graus e ficam próximos da troca de faixa. Toda faixa do jiu-jítsu tem em uma das pontas uma tarja, essa parte é o local destinado para a colocação dos graus. Esses esparadrapos que você vê nas faixas de praticamente todo lutador de jiu-jítsu. Quando o aluno tem os 4 graus, significa que ele está próximo da troca de faixa”, explicou. 

No evento ocorrido sábado, o mestre em jiu-jítsu, Renan Rocha, esteve presente para graduar os alunos. Além dele e do professor Isaias Humberto, que veio de São Paulo para prestigiar o evento, participaram da graduação os professores Sandro Dias e Douglas Cerqueira. “Para se tornar um mestre em jiu-jítsu é necessário permanecer 31 anos com a faixa preta. Se você quiser se tornar um grã-mestre no esporte, você tem que, durante 17 anos, ser mestre para depois se graduar no último grau do esporte, que é o grã-mestre”, explicou o professor Isaias.


Dificuldades e superação

Como o projeto não cobra taxas nem mensalidades, manter as aulas e permitir que os alunos possam participar de campeonatos não é tarefa fácil. Desde seu início, em 2019, o projeto se mantém exclusivamente com doações de pessoas físicas e empresas do município. “A maior dificuldade é quando temos as competições, pois as taxas de inscrições são um pouco altas. Tem também toda questão do transporte e alimentação dos alunos. Mas estamos conseguindo nos virar e estamos crescendo. Isso que importa”, salienta Donis. 

Caminhada da Natureza em Agudos do Sul reuniu cerca de 1.500 pessoas

Evento ocorreu neste domingo, em Agudos do Sul Fonte: A.I, Prefeitura de Agudos do Sul  Foi realizado no último domingo (28) mais uma caminh...